Crédito: Stuart Miles |
Muricy Carvalho expõe clima do São Paulo
Na dia 12 de março, o treinador Muricy Ramalho, profissional com bons resultados em seu curriculum, expôs à mídia, após a vitória do São Paulo por 1 x 0 contra o São Bento, no Campeonato Paulista (jogo fraco e muito criticado), sua visão de como anda o clima no São Paulo. Os principais pontos que podem ser extraídos de sua fala são os seguintes: o clube estaria rachando de fora para dentro; o clima no Centro de Treinamento (CT) estaria muito diferente daquele do ano passado; haveria desunião, mas não entre os jogadores; o problema residiria na relação com a diretoria.
No dia seguinte, 13 de março, o presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, afirmou que Muricy Ramalho é o treinador do time até 31 de dezembro de 2015 e que se ele, Muricy, quiser renovar, isso poderá ser feito prazerosamente. Além de nota publicada nesses termos, o presidente também conversou com a mídia, reiterando os pontos citados.
Relembrando eventos do São Paulo
Relembrando eventos do São Paulo
O futebol do Tricolor não tem sido bom, com destaque para as recentes derrotas para o Corinthians, na Libertadores e no Campeonato Paulista, o que é preocupante para os são-paulinos, por que o time está em plena disputa da Libertadores 2015, no mesmo grupo do Timão. Ao mesmo tempo, os problemas parecem mais profundos. Estariam eles afetando o futebol? Vejamos alguns eventos que foram ou têm sido objeto de atenção da mídia.
1) Presidente x Ex-presidente
A mídia reporta uma contenda política entre o atual presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, e o ex-presidente, Juvenal Juvêncio. O presidente Aidar, após tomar posse no São Paulo, em abril de 2014, teria passado a atacar Juvenal Juvêncio, que o apoiara anteriormente. Veja o artigo de Abílio Diniz, "Sr Aidar, tome a decisão correta", no qual o colunista critica severamente o ataque do atual ao ex-presidente entre outros pontos, inclusive outros abaixo citados.
2) Contrato com a namorada
O jornal Folha de São Paulo publicou matéria denominada "Namorada de presidente do São Paulo terá comissão sobre acordos", sobre contrato que o São Paulo teria firmado com a namorada do presidente Aidar, Sinara Maturana, por meio do qual ela teria direito a um percentual dos negócios que captasse para o São Paulo. O presidente teria confirmado à própria Folha o contrato em questão e veio, posteriormente, à mídia explicá-lo, tendo sido muito criticado.
3) Proposta de acordo com a BWA
O jornalista Juca Kfouri escreveu o artigo "A volta da BWA ao São Paulo", no qual critica severamente uma proposta que o presidente Aidar levaria ao conselho do São Paulo: a de um acordo São Paulo-BWA, por meio do qual a empresa BWA assumiria dívidas do clube e, em contrapartida, administraria bilheterias de jogos com mando de campo durante 10 anos, detendo, nesse horizonte, as receitas da venda de ingressos. A contenda com o ex-presidente Aidar, segundo o colunista, se encaixaria na estratégia de convencer os conselheiros a aprovarem tal proposta. O presidente teria retrocedido no encaminhamento da proposta.
3) Presidente x treinador
A mídia reporta uma contenda política entre o atual presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, e o ex-presidente, Juvenal Juvêncio. O presidente Aidar, após tomar posse no São Paulo, em abril de 2014, teria passado a atacar Juvenal Juvêncio, que o apoiara anteriormente. Veja o artigo de Abílio Diniz, "Sr Aidar, tome a decisão correta", no qual o colunista critica severamente o ataque do atual ao ex-presidente entre outros pontos, inclusive outros abaixo citados.
2) Contrato com a namorada
O jornal Folha de São Paulo publicou matéria denominada "Namorada de presidente do São Paulo terá comissão sobre acordos", sobre contrato que o São Paulo teria firmado com a namorada do presidente Aidar, Sinara Maturana, por meio do qual ela teria direito a um percentual dos negócios que captasse para o São Paulo. O presidente teria confirmado à própria Folha o contrato em questão e veio, posteriormente, à mídia explicá-lo, tendo sido muito criticado.
3) Proposta de acordo com a BWA
O jornalista Juca Kfouri escreveu o artigo "A volta da BWA ao São Paulo", no qual critica severamente uma proposta que o presidente Aidar levaria ao conselho do São Paulo: a de um acordo São Paulo-BWA, por meio do qual a empresa BWA assumiria dívidas do clube e, em contrapartida, administraria bilheterias de jogos com mando de campo durante 10 anos, detendo, nesse horizonte, as receitas da venda de ingressos. A contenda com o ex-presidente Aidar, segundo o colunista, se encaixaria na estratégia de convencer os conselheiros a aprovarem tal proposta. O presidente teria retrocedido no encaminhamento da proposta.
3) Presidente x treinador
Em entrevista à mídia - veja a matéria "Aidar cobra título de Muricy" - o presidente Aidar afirmou que cobraria títulos do treinador, por ter contratado todos os jogadores por ele pedidos. Muricy Ramalho reclamou da pressão e no dia 12 de março, conforme dito acima, expôs publicamente o clima no Centro de Treinamento (CT) do São Paulo. O presidente Aidar, por seu turno e conforme dito acima, reiterou, por meio de nota e de entrevista, que o treinador Muricy ficará no cargo até o final do contrato (31/12) e poderá até, se quiser, renová-lo. Entretanto, segundo José Roberto Malia, da ESPN, em seu post "'Muriçoca' volta a navegar no bico do corvo: se não ganhar do San Lorenzo ...", o presidente Aidar nunca escondeu que gostaria de trocar o treinador Muricy Ramalho, que teria bom relacionamento com o ex-presidente Juvenal Juvêncio.
4) Investidor x treinador
O investidor Vinícius Pinotti, que viabilizou a contratação do atacante argentino Centurión, afirmou, de acordo com a ESPN, no artigo Investidor que pagou por Centurión corneta: precisamos de um time mais forte em volta dele, que o São Paulo precisa de um time mais forte em torno do argentino. Essa sugestão afetaria diretamente a forma de jogar futebol do São Paulo e o trabalho do treinador, além de trazer uma crítica implícita aos demais jogadores do time. Adicionalmente, o investidor em questão teria, agora, cargo na administração do São Paulo, conforme matéria "Torcedor que pagou Centurión vira diretor e assessor direto de Aidar".
5) Pagamentos atrasados
No dia 9 de março, segundo matéria da Jovem Pam - "Muricy pede transparência da diretoria sobre atrasos e elogia Centurión" - o treinador do São Paulo teria sugerido à diretoria do São Paulo que esclarecesse, aos jogadores, a questão do atraso do pagamento de premiações pela classificação na Libertadores. Na oportunidade, ele elogiou o bom desempenho do jogador Centurión no São Paulo, o qual teria consertado o lado esquerdo do time.
6) Qualidade do futebol
Conforme dito, ele, o futebol propriamente dito, não está bom. O time perdeu do Corinthians na Libertadores por 2 x 0, e novamente, por 1 x 0, pelo Campeonato Paulista; além disso, o último jogo do São Paulo, no qual ele venceu o São Bento por 1 x 0, foi muito ruim. A saída de Kaká, segundo alguns especialistas, teria subtraído uma liderança importante para o São Paulo.
7) Reação dos torcedores
Com tudo isso e, principalmente, à luz dos resultados supracitados, haveria, segundo se diz na mídia, pontos de vista distintos dentro da torcida tricolor sobre o momento do time: torcedores organizados concordariam com críticos internos do trabalho de Muricy Ramalho e torcedores ditos comuns apoiariam o treinador. Protestos contra derrotas recentes para o Corinthians poderão ser feitos neste sábado, em frente ao CT, por torcedores organizados. Já o vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, teria reclamado da torcida, que não prestigiaria o São Paulo, conforme artigo "Vice ironiza: Morumbi não encheria nem com portões abertos".
Feitas essas considerações, pergunta-se: o que está acontecendo com o São Paulo e seu futebol? A resposta a essa pergunta é apresentada em duas partes.
Sobre o São Paulo
Pode-se dizer que o São Paulo tem vários problemas no seu sistema de governo, ou seja, de governança. Contenda política entre presidentes (atual e ex) aparentemente interferindo na administração, a referida contenda talvez afetando o relacionamento com o treinador (precisaria?), contrato com namorada, proposta de acordo com fornecedor questionada em público (não prosseguida), manifestações conflituosas de dirigentes junto à mídia, atrasos de pagamentos à equipe e investidor atuando diretamente na gestão são eventos, não exaustivos, que sugerem problemas sérios de governança.
Sobre o futebol do São Paulo
O treinador Muricy Ramalho e seu grupo podem estar se deixando afetar por problemas de governança do clube, mas não sabemos dizer quais desses problemas são os de maior impacto. Atraso de pagamentos aos jogadores? A cobrança pública do presidente Aidar sobre Muricy Ramalho, em função de estar esse relacionado ao ex-presidente Juvenal Juvêncio? Uma possível ingerência do investidor Pinotti, se esse estiver pressionando para que o seu investimento em campo, o atleta Centurión, seja valorizado? Dificuldades dos jogadores em relação às críticas ao seu trabalho? Dificuldades do treinador liderar possivelmente lidando com todos esses aspectos? Alguma outra alternativa que não se está vendo? Todas as alternativas anteriores? O que está acontecendo? Como saber?
Independentemente da resposta às dúvidas anteriores, o treinador do São Paulo, neste momento, é a primeira pessoa-chave para o sucesso do time, seguida de perto pelos jogadores. Ele necessita separar governança de futebol e reafirmar sua liderança, em honra não dos dirigentes do São Paulo, passageiros, mas do próprio Soberano São Paulo e de sua torcida, perenes. Ele precisa reunir sua equipe técnica, trabalhar com todos os jogadores - Centurión inclusive -, levantar o moral da equipe e partir, em equipe, para virar o jogo. Lembrando que futebol é um esporte coletivo. E que vencer e depois criticar é infinitamente melhor do que criticar sem vencer.
Problemas conjunturais ou estruturais?
Problemas de governança seriam, fundamentalmente, estruturais. Quanto a futebol do São Paulo, as evidências indicam que ele têm problemas conjunturais (uma queda de produção que pode ser revertida) e estruturais (influências sobre o CT que, em princípio, não deveriam existir, de maneira que o time trabalhe e se prepare em paz). Aguardemos os fatos. O treinador e sua equipe de atletas são a principal esperança de virada de jogo.
Bola Pensante
Sobre o São Paulo
Pode-se dizer que o São Paulo tem vários problemas no seu sistema de governo, ou seja, de governança. Contenda política entre presidentes (atual e ex) aparentemente interferindo na administração, a referida contenda talvez afetando o relacionamento com o treinador (precisaria?), contrato com namorada, proposta de acordo com fornecedor questionada em público (não prosseguida), manifestações conflituosas de dirigentes junto à mídia, atrasos de pagamentos à equipe e investidor atuando diretamente na gestão são eventos, não exaustivos, que sugerem problemas sérios de governança.
Sobre o futebol do São Paulo
O treinador Muricy Ramalho e seu grupo podem estar se deixando afetar por problemas de governança do clube, mas não sabemos dizer quais desses problemas são os de maior impacto. Atraso de pagamentos aos jogadores? A cobrança pública do presidente Aidar sobre Muricy Ramalho, em função de estar esse relacionado ao ex-presidente Juvenal Juvêncio? Uma possível ingerência do investidor Pinotti, se esse estiver pressionando para que o seu investimento em campo, o atleta Centurión, seja valorizado? Dificuldades dos jogadores em relação às críticas ao seu trabalho? Dificuldades do treinador liderar possivelmente lidando com todos esses aspectos? Alguma outra alternativa que não se está vendo? Todas as alternativas anteriores? O que está acontecendo? Como saber?
Independentemente da resposta às dúvidas anteriores, o treinador do São Paulo, neste momento, é a primeira pessoa-chave para o sucesso do time, seguida de perto pelos jogadores. Ele necessita separar governança de futebol e reafirmar sua liderança, em honra não dos dirigentes do São Paulo, passageiros, mas do próprio Soberano São Paulo e de sua torcida, perenes. Ele precisa reunir sua equipe técnica, trabalhar com todos os jogadores - Centurión inclusive -, levantar o moral da equipe e partir, em equipe, para virar o jogo. Lembrando que futebol é um esporte coletivo. E que vencer e depois criticar é infinitamente melhor do que criticar sem vencer.
Problemas conjunturais ou estruturais?
Problemas de governança seriam, fundamentalmente, estruturais. Quanto a futebol do São Paulo, as evidências indicam que ele têm problemas conjunturais (uma queda de produção que pode ser revertida) e estruturais (influências sobre o CT que, em princípio, não deveriam existir, de maneira que o time trabalhe e se prepare em paz). Aguardemos os fatos. O treinador e sua equipe de atletas são a principal esperança de virada de jogo.
Bola Pensante
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