quarta-feira, 27 de maio de 2015

Por que o Cruzeiro perdeu do River Plate de forma tão surpreendente? (I)

Crédito: samuiblue
Assim como a Seleção Brasileira deveria ter sido objeto de uma análise profunda sobre o que ocorreu no jogo Brasil 1 x 7 Alemanha (infelizmente, a CBF não acredita que isso seja necessário), o Cruzeiro precisa ser objeto de um estudo dessa natureza, em função do jogo Cruzeiro 0 x 3 River Plate, ocorrido hoje à noite no Mineirão.

O que houve no Mineirão não foi normal. Não houve um Mineirazzo, como no caso dos 7 a 1, isso seria exagero, mas a torcida cruzeirense não mereceu o que viu, especialmente considerando um time que deveria apenas empatar para se classificar às semifinais da Libertadores. O que aconteceu nesta noite com o novo Cruzeiro que ora se apresenta, substancialmente diferente do time vencedor e bicampeão de 2013 e 2014?

O Cruzeiro precisa parar e buscar as devidas explicações, além, naturalmente, de resolver os problemas mais profundos ali existentes. Neste post, com olhar de outsiders, ou seja, de meros torcedores, ainda que atentos, usamos a estrutura apresentada neste Blog no dia 11 de maio, no post denominado Times vencedores e atletas imprescindíveis, com fatores coletivos e individuais associados a times vencedores, para tentar entender o que houve no jogo Cruzeiro 0 x 3 River Plate. A seguir, reproduzimos os citados fatores:

FATORES COLETIVOS

FATORES INDIVIDUAIS

Consideremos os fatores coletivos do primeiro quadro anterior. Quais deles parecem fazer sentido para explicar o que houve como Cruzeiro hoje à noite? Elencaríamos os fatores 2 (consciência de coletividade - o Cruzeiro não jogou como um time e como um vencedor, vamos combinar), 3 (atitude - faltou em demasia, para uma equipe que disputava uma Libertadores), 4 (respeito ao adversário - o River Plate jogou soltinho e, portanto, não foi respeitado em seu potencial de causar estrago), 5 (boa execução de esquemas táticos - o posicionamento em campo foi sofrível e a defesa, em especial, teve uma noite de muitas falhas), 6 (talentos - os atletas estavam em uma noite particularmente infeliz, o que criou um momento de eclipse de seus respectivos talentos) e 7 (entrosamento - presente em vários jogos, desde o desmonte do time bicampeão).

Com respeito ao fator 1 (integridade de escolha), aparentemente, o técnico Marcelo Oliveira escalou o melhor time de que dispunha ou dispõe, embora se possa questionar se um jogador como Gabriel Xavier, por exemplo, não poderia ter jogado mais tempo (teria ele condições?). Assim, sob o ângulo dos critérios do primeiro quadro anterior, a avaliação geral se resume à seguinte constatação: o Cruzeiro foi mal por ter contrariado quase todos os requisitos de um time vencedor. Usando uma linguagem ainda mais objetiva, poderíamos dizer que ele não jogou quase nada.

Consideremos agora o segundo quadro anterior. Quais dos fatores individuais parecem  ter afetado os atletas do Cruzeiro? Aqui, elencamos também a maioria: 1 (técnica com eficácia - jogadores erraram muitos passes e fizeram jogadas por vezes pueris), 3 (concentração - a jogada que levou ao gol tomado do final do primeiro tempo talvez pudesse ser evitada, pois seria fundamental não tomar outro gol, após o primeiro); 4 (domínio - emocional - eles, os atletas, com certeza pareceram muito inseguros), 5 (visão espacial - os atletas simplesmente não conseguiram achar caminhos para chegar ao gol); 6 (liderança - nem o goleiro Fábio, capitão do time, esteve bem) e 7 (busca de auto-superação - ninguém se auto-superou em um jogo que precisou tanto que isso ocorresse). Com respeito ao fator 2 (preparação física), não vimos nada de especial e que nos chamasse a atenção.

Não é apresentada aqui uma análise detalhada sobre o River Plate, com base na estrutura acima indicada, mas certamente ele foi superior em vários quesitos supracitados. Assim, se um time joga muito mal e seu o adversário joga muito bem, espera-se que o placar reflita essas duas condições. E ele nem refletiu, por que o Cruzeiro poderia ter perdido até de mais gols, o que conduz à conclusão de que os 3 a 1 poderiam ter sido facilmente 5 a 1.

O que mais se pode dizer, a partir das análises acima apresentadas? Que o time do Cruzeiro precisa de um trabalho forte para melhorar o futebol, em seu aspecto coletivo, sem dúvida. Não se pode culpar apenas a defesa, por que a batalha começou a ser perdida no meio de campo e ali a Raposa tem problema. Mas o coletivo não explica tudo, quando se pensa com maior profundidade. Especialmente quando a análise do individual aponta várias negatividades, como é o caso do Cruzeiro, com jogadores que, se não chegam a ser craques, tampouco podem ser tratados como ruins (ao contrário).

Vários atletas desse novo Cruzeiro aparentemente precisam de um acompanhamento individualizado, mais próximo, em um nível mais intenso do que porventura aquele que Comissão Técnica esteja executando, de maneira que eles percam a insegurança por vezes extrema que tem pautado, a nosso ver, as atuações do time neste primeiro semestre de 2015. Insegurança essa que explicaria as várias "oscilações" do Cruzeiro, usando uma palavra que vem sendo usada por técnicos do futebol nacional.

Sugerimos a continuação da leitura no post Por que o Cruzeiro perdeu do River Plate de forma tão surpreendente? (II)

Bola Pensante

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