Crédito: samuiblue |
Em 26 de agosto de 2014, o site Trivela publicou uma postagem muito interessante, em que argumenta: o campeonato nacional mais bem sucedido do mundo é a Premier League, ou seja, o Campeonato Inglês. Por que esse torneio seria o melhor do Planeta?
Com respeito à comparação com outros países, nada afirmaremos, mas em relação ao Brasil, com certeza, o sistema inglês é bem menos desigual, conforme demonstrado a seguir.
Comecemos com a Premier League; segundo o Trivela:
1) O dinheiro advindo da televisão no futebol inglês se divide em três componentes ou fatias.
2) A primeira parte é uma cota rateada igualmente entre os 20 clubes da primeira divisão. O valor para 2013-2014 foi de 65,5 milhões de euros.
3) A segunda parte é qualificada como "mérito" e o time recebe proporcionalmente à sua posição na tabela. O Cardiff, último colocado, recebeu 1,5 milhão de euros e o primeiro colocado, Manchester City, pouco acima de 30 milhões de euros. Entre esses limites, estiveram os rendimentos dos demais clubes.
4) A terceira parte remunera por exibição na TV. Para cada partida transmitida, o time recebe uma quantia estimada em 942 mil euros. Como o time que teve mais jogos transmitidos foi o Liverpool (28), este teria recebido 27,5 milhões de euros por sua audiência. O mínimo contratual é de 10 jogos, mesmo que o time tenha menos exibições.
Com tal sistema de remuneração, e adicionando as três faixas, o Liverpool teria faturado 122,5 milhões de euros; o Manchester City, campeão, levou 114,9 milhões de euros; quanto ao Cardiff, último posicionado, este levou estimados 78 milhões de euros, ou seja, 63,7% do valor arrecadado pelo Liverpool.
E no Brasil, onde a verba de TV é importantíssima para os clubes, qual é a sistemática, considerando ser a Rede Globo a detentora dos direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro (Brasileirão)?
Segundo informou o colunista e blogueiro Paulo Vinícius Coelho, o PVC, em sua antiga coluna na ESPN, em 01 de outubro de 2013, a partir de janeiro de 2016, haverá um aumento substancial nos valores vigentes, conforme números abaixo:
- Flamengo e Corinthians - de R$ 110 milhões para R$ 170 milhões/ano.
- São Paulo - de R$ 80 milhões para R$ 110 milhões/ano.
- Vasco e Palmeiras - de R$ 70 milhões para R$ 100 milhões/ano.
- Santos - de R$ 60 milhões para R$ 80 milhões/ano.
- Atlético MG, Cruzeiro, Grêmio, Internacional, Fluminense e Botafogo - de R$ 45 milhões para R$ 60 milhões por ano.
- Demais integrantes da série A - de R$ 27 milhões para R$ 35 milhões por ano.
Dessa forma, a relação entre a menor arrecadação e a maior será de 20,6%, valor comparável aos 63,7% do futebol inglês, desprezado o eventual efeito de diferenças inflacionárias, que não alterariam substancialmente as conclusões; dito de outra forma, no futebol inglês, os times que menos recebem da TV, na primeira divisão (série A) recebem muito mais - estimadas três vezes mais - do que no futebol nacional, em relação àquele com maior faturamento.
Assim sendo, a constatação é que a forma de remuneração de clubes pela TV brasileira concentra fortemente mais renda em times que têm grandes torcidas, contribuindo para acentuar diferenças, se for considerado que as agremiações com mais dinheiro muito provavelmente contratarão melhores técnicos e jogadores entre outros serviços profissionais. A assimetria de rendimentos é forte e cabem aqui, portanto, três perguntas finais:
1) Este é, realmente, um bom modelo para o futebol nacional?
2) Grandes torcidas sempre significarão grandes audiências, considerando a atualmente baixa qualidade do futebol nacional?
3) Quais serão os impactos de longo prazo do sistema de remuneração televisiva que passa a valer no nosso sistema de futebol a partir de 2016?
Assim sendo, a constatação é que a forma de remuneração de clubes pela TV brasileira concentra fortemente mais renda em times que têm grandes torcidas, contribuindo para acentuar diferenças, se for considerado que as agremiações com mais dinheiro muito provavelmente contratarão melhores técnicos e jogadores entre outros serviços profissionais. A assimetria de rendimentos é forte e cabem aqui, portanto, três perguntas finais:
1) Este é, realmente, um bom modelo para o futebol nacional?
2) Grandes torcidas sempre significarão grandes audiências, considerando a atualmente baixa qualidade do futebol nacional?
3) Quais serão os impactos de longo prazo do sistema de remuneração televisiva que passa a valer no nosso sistema de futebol a partir de 2016?
Estas não são perguntas pertinentes?
Bola Pensante
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